domingo, 28 de dezembro de 2014

Obesidade Infantil

Em Portugal, uma em cada três crianças tem excesso de peso. Segundo um estudo, elaborado em 2013-2014, 33,3% das crianças entre os 2 e os 12 anos têm excesso de peso, das quais 16,8% são obesas. De acordo com a Comissão Europeia, Portugal está entre os países da europa com maior número de crianças afetadas pela “epidemia”.
A obesidade pode definir-se como o aumento do depósito de gordura corporal, na sequência do desequilíbrio entre o excesso de ingestão de alimentos e o seu gasto energético (ou seja, comem mais do que “gastam” nas atividades), resultado de novos hábitos alimentares e do aumento do sedentarismo. A obesidade é a expressão máxima do excesso de peso.

Novos Hábitos Alimentares
Cerca de 90% das crianças portuguesas consome fastfood, doces e bebe refrigerantes, pelo menos quatro vezes por semana. Menos de 1% das crianças bebe água todos os dias (habitualmente sumos artificiais ou refrigerantes) e só 2% ingere fruta fresca diariamente. Quase 60% das crianças vão para a escola de carro e apenas 40% participam em atividades extracurriculares que envolvam atividade física. Estes números são, absolutamente, assustadores…!!

Desenvolvimento de Problemas de Saúde
         A obesidade infantil está associada ao desenvolvimento precoce de problemas de saúde na criança e no adolescente. Têm maior probabilidade de desenvolver doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes, asma, apneia do sono e vários tipos de cancro. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a obesidade é a segunda principal causa de morte no mundo que se pode prevenir, a seguir ao tabaco.

Desenvolvimento de Problemas Psicológicos
Estão mais sujeitas a bullying e outros tipos de discriminação (não são escolhidos para as equipas de desporto, não são tão valorizados, como os outros). Estes problemas têm consequências desastrosas na autoestima e no rendimento escolar. O risco de depressão ou outras doenças do foro psicológico é enorme, com repercussão para toda a vida.

O Que Se Deve Fazer no sentido da Prevenção?
- Só em situações muito excecionais é que o excesso de peso não está dependente do tipo de alimentação e dos hábitos das pessoas.
- É comum ver-se famílias com vários obesos. Não será, seguramente, só por fatores genéticos. Essencialmente, prende-se com os hábitos destas famílias. Nas crianças destas famílias está aumentado o risco do excesso de peso e obesidade e deve haver uma intervenção precoce para a sua prevenção.
- A escola tem também um papel muito importante não só na educação para os estilos de vida saudável como também retirando dos seus bares e cantinas alimentos que não devem fazer parte da dieta de crianças e adolescentes (batatas fritas de pacote, alimentos fritos e com gordura, etc).

Assim sendo
- Abolir os sumos artificiais ou refrigerantes às refeições (a bebida para toda a família é água…!).
- Promover a sopa, sempre ao jantar (mesmo que em pouca quantidade), e a fruta como sobremesa.
- Evitar as gorduras e fritos, assim como os doces (açucares de absorção rápida) nos lanches para a escola (folhados, croissants, pães de leite, bolos de pastelaria).
- Mandar para a escola, pão de padaria (não artificial!), fruta fresca (maçã, pêra, ou outra descascada e aos quadradinhos numa caixa plástica, como melão, manga, papaia, uvas, pêssegos, etc), iogurtes líquidos, assim como, sempre uma garrafa de água.
- Os excessos (doces, alimentos com gordura) são para ser cometidos excecionalmente (nos aniversários, nas festas).
- Promover o exercício físico, nas atividades extraescolares (tentar que a criança frequente pelo menos uma atividade 2 vezes por semana, durante a semana).
- Ao fim-de-semana a família deve fazer um esforço para escolher programas em que o exercício esteja presente, nem que seja uma caminhada.


Perante isto, é um dever dos pediatras identificar os erros, ensinar, aconselhar, enviar para o Nutricionista, sempre que se justifique, e ainda, esclarecer sobre os múltiplos riscos desta “doença”…

sábado, 13 de dezembro de 2014

Pneumonia e Broncopneumonia - Diferenças e Semelhanças

São ambas, infeções do tecido pulmonar, com o mesmo quadro clínico (sintomas e sinais), assim como tratamento mais ou menos semelhante. A Pneumonia e a Broncopneumonia podem ser consideradas duas das mais graves doenças da infância.



Pneumonia
         Consiste na inflamação dos alvéolos pulmonares, onde desembocam as ramificações terminais dos brônquios, localizada e habitualmente de origem infeciosa, impedindo as trocas gasosas nessa região e como consequência, impedindo a oxigenação adequada do sangue.

Qual é a causa?
A causa é habitualmente infeciosa (vírus e bactérias), que atinge os pulmões, através da via aérea (ar inalado), e desenvolve uma infeção.
         Pode ser causada por gases tóxicos (inalados), aspiração de vómito, ingestão de tóxicos (petróleo).

Quadro Clínico
  - Febre alta de início súbito, geralmente com arrepios.
 - Tosse (pode ser seca, pode ter expetoração, ser irritativa).
         - Mal-estar, perda de apetite.
         - Diminuição da atividade habitual, vómitos.
         - Dor torácica (ou abdominal), por vezes.

Como é feito o diagnóstico?
Apenas, através da observação clínica, o médico faz o diagnóstico de Pneumonia, sem necessitar de nenhum exame. O Raio-X tórax serve, por vezes para avaliar a extensão da infeção, e em algumas situações para decidir a terapêutica. Em alguns casos, podem ser feitas análises de sangue, para aferir se é vírus ou bactéria.

Tratamento
 - Antibióticos (exceto se for de origem viral), que se adequam consoante a idade da criança, quadro clínico, frequência ou não de infantário.
- Antipiréticos (para a febre).
- Aerossoloterapia (com medicação broncodilatadora ou anti-inflamatória).
- Xaropes fluidificantes/mucolíticos nunca devem ser utilizados antes dos 3 anos.
- Ginástica Respiratória (Cinesioterapia) após auscultação e nunca numa 1ª fase. Atenção que fazer “ginástica” na fase aguda da pneumonia (sem ser observada pelo médico) pode ser extraordinariamente grave.
- Raramente é necessário internamento (só situações graves ou situações “arrastadas”).

Broncopneumonia
Consiste na inflamação aguda dos brônquios (não atingindo os alvéolos como na pneumonia) e do tecido pulmonar com múltiplos focos (ao contrário da pneumonia com um só local).

Qual é a causa?
          - Infeciosa (vírus e bactérias, habitualmente inalados).
          - Causa química e física (menos frequente que nas Pneumonias).
         - Surge muitas vezes como complicação de uma quadro “arrastado” de tosse (não valorizado pelos pais e às vezes até, medicado pelos próprios pais sem que a criança seja observada pelo seu médico…).

Quadro Clínico
         - Febre, que pode ser alta.
         - Tosse (habitualmente com expetoração).
         - Mal-estar, perda de apetite, diminuição da atividade, vómitos.

Como é feito o Diagnóstico?
Tal como na pneumonia, o diagnóstico é clínico (um pediatra com experiência, raramente necessita de Raio-X tórax para fazer o diagnóstico. Pode pedi-lo, se isso o ajudar na terapêutica ou se tiver dúvidas na extensão da infeção. Os pais não se podem esquecer que os Raios-X são radiações e que estas podem provocar cancro mais tarde…).

Tratamento
Sensivelmente igual ao da Pneumonia:
- Antibióticos
- Antipiréticos (para a febre)
- Aerossoloterapia (com ou sem medicação)
- Ginástica respiratória (com os cuidados já descritos anteriormente).

Qual a mais grave? Pneumonia ou Broncopneumonia?
Como em tudo, há exceções, mas, habitualmente a Pneumonia é mais grave. Atinge as ramificações dos brônquios (alvéolos pulmonares), onde se dão as trocas gasosas, diminuindo a oxigenação no sangue e provocando dificuldade respiratória, mais grave. É mais frequente o internamento por Pneumonia do que por Broncopneumonia.

domingo, 23 de novembro de 2014

Amigdalite, Faringite e Laringite...Como se distinguem ?

Muitas vezes estas doenças, tendem a ser confundidas (localizam-se todas na boca) e muitas vezes não são bem compreendidas. Por este motivo, decidi “falar” de cada uma, de forma a perceberem os sintomas, as semelhanças e as diferenças entre as três patologias.



Amigdalite
O que é?
É uma infeção das amígdalas que são duas proeminências de tecido linfoide (que desempenham uma função defensiva) localizadas nas faces laterais da orofaringe. O tecido interno das amígdalas tem a capacidade de detetar, identificar e eliminar os agentes infeciosos (vírus e bactérias). Esta função defensiva é muito importante durante a infância, mas a partir da adolescência o seu papel diminui (há exceções), motivo pelo qual é nesta fase que é mais frequente a amigdalite. A infeção bacteriana (necessário antibiótico) é mais prevalente a partir dos 3 anos, mas também pode ser originada por vírus (mais frequente até aos 2 anos de idade). Dentro das bactérias o estreptococos do grupo A é o agente mais encontrado e nos vírus encontramos o EBV (da mononucleose), Influenza e Parainfluenza.

Como se manifesta?
Maioritariamente, inicia-se de forma súbita, com os seguintes sintomas associados:
         - Febre alta (muito alta, com picos por vezes de 40ºC em 4h/4h que se inicia com arrepios e tremores na maioria dos casos)
         - Dor de garganta, voz nasalada
         - Dores de cabeça
         - Mal-estar geral / Prostração (diminuição da atividade)
         - Aumento dos gânglios do pescoço (órgãos de defesa também)

Modo de contágio
Quando alguém infetado, espirra, tosse ou fala, libertando partículas de saliva. Muito frequente nos infantários (na mesma sala) ou no agregado familiar.

Diagnóstico
É quase sempre baseado na observação clínica do doente (história clínica, características das amígdalas). É frequente nas urgências ser feita a análise “do cotonete” (exsudado) que dará um resultado em 10 a 15 minutos (por vezes existem falsos negativos).

Tratamento
         - Antipiréticos (para baixar a febre – Ben-u-ron/Brufen nas doses corretas).
         - Antibiótico (se for bacteriana: o mais frequente)
         - Alimentação líquida à temperatura ambiente e sem insistência (não esquecer que a criança habitualmente tem dificuldade em engolir a saliva, quanto mais comida…).

Evolução
          - Habitualmente a evolução é favorável, com melhoria após as 48h de antibiótico.
         - Em algumas situações, as amigdalites tornam-se crónicas (múltiplos episódios sucessivos) e nestes casos há necessidade de cirurgia para extração ou diminuição das amígdalas (o Otorrinolaringologista é soberano nesta decisão, após avaliação da história clínica).

Faringite
O que é?
É uma inflamação da faringe, localizada entre as amígdalas e a laringe (é a “parede” da garganta) provocada, em geral, por vírus mas também com frequência por bactérias.

Como se manifesta?
Habitualmente, surge de forma mais insidiosa ou seja mais lenta.
         - Febre (habitualmente não tão alta como na amigdalite)
         - Dor de garganta (por vezes mais intensa que na amigdalite)
         - Mal-estar geral (prostração não é tão habitual)
         - Aumento dos gânglios do pescoço (de igual maneira)

Modo de contágio
Igual à da amigdalite (partículas de saliva infetadas)

Tratamento
         - Antipiréticos e anti-inflamatórios (para baixar a febre e diminuir a inflamação)
         - Antibióticos, se for de origem bacteriana (menos frequente que na amigdalite)
         - Alimentação líquida (do mesmo modo que na amigdalite)

Evolução
Habitualmente favorável e transitória (3 a 5 dias) se for viral. Igual evolução à da amigdalite se for de origem bacteriana (necessário antibiótico).

Laringite
Ver artigo anterior


terça-feira, 18 de novembro de 2014

Laringite

A Laringite é uma infeção respiratória superior aguda, que causa inflamação da laringe (engloba as cordas vocais). Inicia-se geralmente durante a noite e afeta, sobretudo, crianças dos 6 meses aos 3 anos podendo ocorrer, também, em crianças mais velhas. É mais frequente no Outono e Inverno. Esta doença, apesar de não ter habitualmente grande gravidade, pode provocar edema (“inchaço”) da laringe, cordas vocais e traqueia, obstruindo a passagem de ar pelas vias aéreas, causando falta de ar. O sintoma mais frequente é a “Tosse de Cão” (tosse rouca exuberante).
Quadro clínico
- Rinorreia (“ranho”) com ou sem obstrução nasal.
- “Tosse de cão” e rouquidão de início súbito (que pode passar a tosse com expetoração cerca de 48h depois e que pode durar até 3 semanas para desespero das mães…).
- Febre (pode ser elevada e dura aproximadamente 3 dias).
- Vómitos (na sequência da tosse).
- Falta de ar (habitualmente com um barulho semelhante a um “guincho”- Estridor Laríngeo, que traduz a dificuldade do ar a passar pelas cordas vocais inflamadas).

Causa
- Origem viral (Influenza, Parainfluenza, VSR, Adenovírus) e portanto transitória e autolimitada (maioria dos casos).
- Origem bacteriana (raro).
         - Causa Alérgica.
         - Refluxo Gastro-Esofágico.

Modo de Transmissão e Período de Incubação
- Via inalatória (proveniente da saliva, tosse e espirros de crianças infetadas, no ambiente).
- 1 a 3 dias depois da exposição, desenvolvem-se os sintomas.

Tratamento
- Antipiréticos (medicamentos para a febre – Benuron/Brufen).
- Aerossóis com soro ou com medicação anti-inflamatória (corticoides).
- Anti-histamínicos orais (xaropes) em determinadas situações.
- Antibiótico, se o médico entender que é de origem bacteriana.
- Na altura em que surge a “tosse de cão” (habitualmente de noite), deixar a criança respirar o “ar frio” (“passa” nas cordas vocais, funciona como anti-inflamatório e melhora a falta de ar.)
As crianças que apresentem estes sintomas, devem ser observadas, preferencialmente pelo seu médico assistente (nunca esquecer que as urgências são autênticas “estufas” de infeções. As crianças vão por uma doença e “trazem” uma série delas…). Contudo, se notarem falta de ar, sobretudo durante a noite, devem recorrer ao Hospital.

domingo, 9 de novembro de 2014

Infeção por Legionella Pneumophila

O que é a Legionella Pneumophila?

       É uma bactéria que está presente em reservatórios de água naturais (lagos, rios) ou artificiais (condutas de água doméstica, refrigeradores, ar condicionado, piscinas, termas) ou também em ambientes de grande humidade. Este microrganismo é resistente aos desinfetantes comuns.



Modo de transmissão e Período de incubação

        Através da inalação do vapor de água (via aérea) contaminada com a bactéria. Não se transmite pela ingestão de água contaminada, nem de pessoa a pessoa. É, portanto, mais comum nas piscinas, nas grandes superfícies com ar condicionado (hipermercados, centros comerciais) ou nas próprias casas, se o reservatório de água da companhia, estiver contaminado. O período de incubação vai de 2 a 10 dias.

      Quem são os grupos de risco?

- Idade superior a 50 anos

- Doenças respiratórias associadas (Asma, Bronquite)

- Doenças crónicas (Diabetes, Doenças cardíacas, Cancro)

- Tabagismo, Alcoolismo

Nas crianças, habitualmente a infeção tem uma evolução benigna e favorável.

  O Quadro Clínico habitual é de Pneumonia, cujos Sintomas são os seguintes:

- Febre, mal-estar, dores musculares

- Dor de cabeça

- Tosse, com ou sem expetoração

- Náuseas, vómitos, diarreia

        Como se faz o Diagnóstico?

Como em toda a medicina, o exame clínico é fundamental (hoje em dia, infelizmente, são pedidos batalhões de exames e muitas vezes o médico nem toca no doente…!)



- Exame clínico (observação do doente)

- Análises de sangue

- Análise à expetoração

- Serologia para Legionella Pneumopila


        Complicações possíveis

- Dificuldade respiratória e necessidade de ventilação mecânica

- Falência multiorgânica e morte


        Tratamento

- Terapêutica sintomática (para febre e dores)

- Antibióticos 
Quinolonas (Ciprofloxacina, Levofloxacina)
Macrólidos (Azitromicina, Eritromicina, Claritromicina)
 
- Medicação para a tosse (aerossóis, Xaropes)

- Oxigénio em SOS

        Como prevenir esta infeção, no geral?

- Sistemas de reservatório de água sempre com controlo bacteriológico

- Manter os sistemas de ar condicionado sempre limpos (por isso, nas minhas consultas digo sempre que o ar condicionado é o melhor sistema de aquecimento/arrefecimento, mas os filtros devem ser limpos todos os meses!)

- Não usar água de poços para consumo

- Nesta fase atual (surto sem origem conhecida), não frequentar piscinas, não tomar banho com vapor (duches, jacuzzi, banho turco) e cozinhar com água engarrafada.

   Esta infeção pode apresentar risco de vida, se não for tratada. A taxa de mortalidade aumenta consideravelmente em doentes com doenças crónicas de base. Se o diagnóstico e tratamento forem efetuados atempadamente a doença evolui, na maior parte dos casos, de forma favorável. 

sábado, 1 de novembro de 2014

Síndroma Mãos-Pés-Boca

          Esta doença é mais frequente até aos 4 anos, mas pode atingir crianças maiores, adolescentes e adultos, apesar de ser mais raro. A infeção é causada pelo Coxsackie A16 do grupo dos Enterovírus - trata-se, então, de uma virose.



Modo de Contágio e Período de Incubação


Através do contacto direto, contacto com objetos contaminados (brinquedos com saliva) ou contacto com as mucosas infetadas (boca).
O período de incubação mais frequente é de 3 a 5 dias (podendo durar até 1 semana)
As crianças infetadas não devem frequentar o infantário durante 1 semana.
Quadro clínico
- Febre (não muito alta)
- Irritabilidade
- Perda de apetite
- Recusa em comer (pelas lesões na boca)
- Bolhas / úlceras / “aftas” na boca (“céu-da-boca”, língua, gengivas e zona à volta da boca)
- Erupção cutânea (manchas /“pintas”/bolhas. Estas lesões são parecidas com a varicela, mas distinguem-se pela localização) nas mãos, pés, boca e zona genital
- Pode existir comichão nas mãos e pés

Evolução da Doença
         Os sintomas e sinais desta doença vão evoluindo ao longo de 3 a 4 dias e só cerca de 1 semana termina a doença, deixando a criança debilitada, como em todas as viroses. As crianças de infantário estão muito mais suscetíveis (pela maior exposição e contacto mais próximo umas entre as outras).

Tratamento


- Alimentação mole e sem alimentos ácidos, à temperatura ambiente ou mesmo fria (nunca insistir para comer).
- A medicação é dirigida para os sintomas (para a febre e desconforto da criança) que inclui paracetamol (Ben-u-ron), ibuprofeno (Brufen).
- As lesões devem “lavar-se” com água morna salgada e eventualmente (se infetadas) devem desinfetar-se com antisséptico.
- Para as “úlceras” da boca, pode aplicar-se roxo de genciana (não é consensual entre pediatras - eu uso e tenho boa experiência) ou lidocaína (anestésico local) em gel ou spray para diminuir a dor.
As crianças que apresentam este quadro clínico devem ser observadas pelo seu médico assistente, para o diagnóstico e orientação terapêutica adequados.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Bronquiolite

A Bronquiolite é uma doença mais frequente até aos 2 anos de idade. Trata-se de uma infeção respiratória que se caracteriza pela inflamação dos bronquíolos, sendo 60% a 90% dos casos de origem viral e destes o mais frequente é o VSR (Vírus Sincicial Respiratório), podendo também causadas por Influenza, Parainfluenza e Adenovirus. Tem predomínio nos meses mais frios (de Outubro a Março) e é uma das mais frequentes causas de internamento em Pediatria no Inverno. Habitualmente a sua evolução é favorável, contudo nos prematuros ou nos meninos com patologia crónica pode ser grave.

Quais são os sintomas?
Tosse
 Farfalheira (secreções acumuladas nos brônquios)
Pieira ou Chiadeira (respiração com “assobio”)
Falta de ar
Febre baixa (habitualmente)
Vómitos (desencadeados pela tosse e secreções)
Irritabilidade
Dificuldade em se alimentar

Como se transmite?
Fundamentalmente por contacto direto, através das secreções (espirros, acessos de tosse), objetos contaminados (brinquedos). O vírus contagia-se quando a criança espirra ou tosse, expulsando as secreções, depositando-se, por exemplo em brinquedos ou outros objetos que a criança toca, e depois leva as mãos à boca ou ao nariz. Geralmente, são contagiadas por outras crianças, sendo mais provável entre as que frequentam o infantário.

Tratamento
O tratamento, infelizmente, não é assunto em que todos os pediatras estejam de acordo. Na minha prática clínica, utilizo muitas vezes as nebulizações (aerossois) com ou sem medicação  e corticoides, já que melhoram substancialmente os sintomas da criança, além da cinesioterapia respiratória (ginástica respiratória) que deve ser sempre avaliada pelo médico, através da auscultação e nunca sem este controlo.
O internamento é habitualmente nas crianças com menos de 3 meses, ou que apresentem falta de ar com diminuição do oxigénio no sangue, ou ainda com recusa alimentar.

A criança com Bronquiolite tem de ser, sempre, observada pelo médico assistente e devidamente acompanhada durante o tempo de doença.