Em Portugal, uma em cada três crianças tem excesso de peso.
Segundo um estudo, elaborado em 2013-2014, 33,3% das crianças entre os 2 e os
12 anos têm excesso de peso, das quais 16,8% são obesas. De acordo com a
Comissão Europeia, Portugal está entre os países da europa com maior número de
crianças afetadas pela “epidemia”.
A obesidade pode definir-se como o aumento do depósito de
gordura corporal, na sequência do desequilíbrio entre o excesso de ingestão de
alimentos e o seu gasto energético (ou seja, comem mais do que “gastam” nas
atividades), resultado de novos hábitos alimentares e do aumento do
sedentarismo. A obesidade é a
expressão máxima do excesso de peso.
Novos Hábitos Alimentares
Cerca de 90% das crianças portuguesas consome fastfood, doces e bebe refrigerantes,
pelo menos quatro vezes por semana. Menos de 1% das crianças bebe água todos os
dias (habitualmente sumos artificiais ou refrigerantes) e só 2% ingere fruta
fresca diariamente. Quase 60% das crianças vão para a escola de carro e apenas
40% participam em atividades extracurriculares que envolvam atividade física.
Estes números são, absolutamente, assustadores…!!
Desenvolvimento de Problemas de Saúde
A obesidade infantil está associada ao desenvolvimento
precoce de problemas de saúde na criança e no adolescente. Têm maior probabilidade
de desenvolver doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes, asma, apneia do
sono e vários tipos de cancro. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a
obesidade é a segunda principal causa de morte no mundo que se pode prevenir, a
seguir ao tabaco.
Desenvolvimento de Problemas Psicológicos
Estão mais sujeitas a bullying
e outros tipos de discriminação (não são escolhidos para as equipas de desporto,
não são tão valorizados, como os outros). Estes problemas têm consequências desastrosas
na autoestima e no rendimento escolar. O risco de depressão ou outras doenças
do foro psicológico é enorme, com repercussão para toda a vida.
O Que Se Deve Fazer no sentido da Prevenção?
- Só em situações muito excecionais é que o excesso de peso não
está dependente do tipo de alimentação e dos hábitos das pessoas.
- É comum ver-se famílias com vários obesos. Não será,
seguramente, só por fatores genéticos. Essencialmente, prende-se com os hábitos
destas famílias. Nas crianças destas famílias está aumentado o risco do excesso
de peso e obesidade e deve haver uma intervenção precoce para a sua prevenção.
- A escola tem também um papel muito importante não só na educação
para os estilos de vida saudável como também retirando dos seus bares e
cantinas alimentos que não devem fazer parte da dieta de crianças e adolescentes
(batatas fritas de pacote, alimentos fritos e com gordura, etc).
Assim sendo
- Abolir os sumos artificiais ou refrigerantes às refeições (a
bebida para toda a família é água…!).
- Promover a sopa, sempre ao jantar (mesmo que em pouca
quantidade), e a fruta como sobremesa.
- Evitar as gorduras e fritos, assim como os doces (açucares de
absorção rápida) nos lanches para a escola (folhados, croissants, pães de
leite, bolos de pastelaria).
- Mandar para a escola, pão de padaria (não artificial!), fruta
fresca (maçã, pêra, ou outra descascada e aos quadradinhos numa caixa plástica,
como melão, manga, papaia, uvas, pêssegos, etc), iogurtes líquidos, assim como,
sempre uma garrafa de água.
- Os excessos (doces, alimentos com gordura) são para ser
cometidos excecionalmente (nos aniversários, nas festas).
- Promover o exercício físico, nas atividades extraescolares
(tentar que a criança frequente pelo menos uma atividade 2 vezes por semana,
durante a semana).
- Ao fim-de-semana a família deve fazer um esforço para escolher
programas em que o exercício esteja presente, nem que seja uma caminhada.
Perante isto, é um dever dos pediatras identificar os erros,
ensinar, aconselhar, enviar para o Nutricionista, sempre que se justifique, e ainda,
esclarecer sobre os múltiplos riscos desta “doença”…