terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Gripe

Existe uma grande confusão entre gripe e constipação. A Gripe é uma doença, com um quadro clínico exuberante, provocada pelo vírus Influenza, de fácil contágio e que ataca, preferencialmente, os músculos e o aparelho respiratório superior, nomeadamente garganta, nariz, ouvidos, seios nasais e também afeta os pulmões. O doente habitualmente fica incapacitado para exercer a sua atividade habitual.
A gripe ocorre, habitualmente no Inverno, nos meses frios, sendo a sua maior incidência entre Dezembro e Março. Nestes meses nos quais as temperaturas são baixas e existe baixa radiação ultravioleta, o vírus sobrevive e vai sucessivamente infetando pessoas saudáveis. Esta transmissão da doença, também se encontra facilitada por existirem mais ambientes fechados e menos arejados (escolas, infantários, transportes públicos). Apresenta, por isso, uma elevada taxa de transmissão e um curto período de incubação.

Como se transmite?
Através de partículas de saliva de pessoa infetada, como espirros, tosse e até da própria respiração.

Qual o período de contágio?
Inicia-se 1 ou 2 dias antes dos sintomas (ou seja a pessoa ainda não tem a doença e já está a contagiar outras) e até 5 dias após o inicio dos sintomas.

Qual o período de incubação?
Habitualmente 2 dias após o contato com pessoa doente, mas podendo ir até 4 ou 5 dias.

Qual o quadro clínico (sinais e sintomas)?
Há diferenças entre o adulto e a criança. No adulto, geralmente, inicia-se com dores musculares e articulares intensas, mal-estar, dores de cabeça, febre, arrepios de frio, tosse, espirros, secreções nasais, lacrimejo.
Na criança, com menos de 2 anos, o quadro é exuberante com prostração (sensação de doença), gemido, febre alta, irritabilidade constante, sintomas respiratórios (tosse, espirros, corrimento nasal, lacrimejo), mas também sintomas gastrointestinais, como dores abdominais, náuseas, vómitos e diarreia que são muito frequentes.

Como se faz o diagnóstico de Gripe?
O diagnóstico é clinico, por observação completa do doente. Raramente são necessários exames complementares de diagnóstico (algumas vezes até para exclusão - ter a certeza de que não tem outra doença).

Qual a gravidade da Gripe? Quais as complicações?
A gripe é uma doença invalidante (transitoriamente), com elevado absentismo, uma vez que os sintomas são muito intensos e impossibilitam, na maioria, as atividades habituais (grande diferença para a constipação).
É uma doença debilitante do ponto de vista físico, mas também o é, do ponto de vista imunitário, debilitando muito as defesas do organismo. Assim sendo, pode levar a muitas complicações, sendo que as mais frequentes são as doenças respiratórias, nomeadamente Pneumonias e Broncopneumonias (causa muito frequente, nos idosos, de internamentos), agudizações de Bronquite e Asma em doentes alérgicos. As crianças, particularmente, têm maior tendência para complicações, como otites, amigdalites, faringites.

Tratamento
- Repouso.
- Reforço de líquidos (água, sumos de fruta).
- Tomar antipiréticos (para a febre, Ben-u-ron / Brufen).
- Desentupir o nariz (soro fisiológico / Neo Sinefrina gotas nasais).
- Atmosfera húmida / Aerossóis com soro (ou com medicação caso seja prescrito).
- Antibióticos, no caso de infeção bacteriana (faringite, otite, amigdalite, etc).

Quem deve fazer a vacina e Quando?
- Todos os idosos acima dos 65 anos.
- Profissões de risco (médicos, enfermeiros, educadoras, professores).
- Todos os doentes crónicos, independente da idade.
- Todas as pessoas (adultos e crianças) cujo médico entenda que o deve fazer.
A vacina pode ser efetuada de Setembro a Março, sendo recomendada em Outubro. 

Diferenças entre Constipação e Gripe

Sintomas e Sinais
          Constipação
             Gripe
Febre alta
Raramente
Muito frequente
Dores no corpo / Fraqueza
Ligeira
Acentuadas, intensas e prolongadas
Dores de cabeça
Raramente
Intensas
Nariz entupido / Espirros
Frequente
Frequente
Dor de garganta
Frequente
Frequente
Tosse
Ligeira a moderada
Intensa, podendo tornar-se grave
Complicações
Inflamação dos seios nasais e dores de ouvidos e garganta
Broncopneumonia, Pneumonia, Faringite, Otite, Amigdalite
Tratamento
Ben-u-ron / descongestionantes nasais
Ben-u-ron / Brufen / descongestionantes nasais / Antibióticos (por vezes)

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Escarlatina

A Escarlatina, dentro das doenças exantemáticas (que dão “manchas/pintas” na pele), é das poucas de origem bacteriana ou seja necessita de ser tratada com Antibiótico, ao contrário dos vírus - a terapêutica é sintomática (analgésicos e antipiréticos). Por ser bacteriana, não dá imunidade e pode contrair a doença, várias vezes.
A Bactéria implicada é o Estreptococo beta-hemolítico do grupo A. Esta infeção é rara antes dos 2 anos de idade, ocorrendo com mais frequência na faixa etária dos 5 anos até à adolescência, sobretudo dos 6-10 anos. Surge, predominantemente no Inverno e Primavera. O contágio ocorre através das secreções respiratórias de alguém infetado.
A erupção cutânea típica denomina-se Exantema Micropapular Eritematoso, que corresponde a pequeníssimas “pintas” rosa avermelhadas, com pápulas (relevo). Esta erupção na pele é muito áspera ao toque e localiza-se na zona das pregas da pele (axilas, zona inguinal, atrás dos joelhos), mas também no pescoço, tronco e abdómen. A face habitualmente encontra-se avermelhada.
O período de incubação vai de 12h até 7 dias.

Podem diferenciar-se 3 fases:

       - Fase 1 (dura 5 a 7 dias): Febre alta de início súbito, acompanhada de dores musculares, mal-estar geral, dor de garganta, náuseas, vómitos e infeção na faringe/amígdalas.
         - Fase 2 (fase de enantema - dura 5 a 7 dias): A língua apresenta uma membrana branca com “pintas” vermelhas. A partir do 4º- 5º dia, a língua descama e fica com aspeto vermelho vivo (língua framboesa).
        - Fase 3 (fase do exantema – dura até 1 semana): Surge 12h a 48h após o início da febre, inicialmente no pescoço, tronco e axilas, estendendo-se ao abdómen e extremidades).
 
Complicações
- Abcesso amigdalino
- Otite
- Pneumonia
- Glomerulonefrite (infeção renal)
- Artrite
- Meningite.


O tratamento é feito com antibiótico, analgésicos e antipiréticos. A evolução é geralmente favorável.

domingo, 4 de janeiro de 2015

Vírus, "Pintas" e Crianças

Já diziam os antigos (com sabedoria!) que "Sarampo, Sarampelo 7 vezes cai no pelo" ... Isto para tentar explicar os vários tipos de "pintas / manchas", que as crianças apresentavam, sempre comparando com o Sarampo, a mais conhecida (e temida) das doenças exantemáticas (com manchas na pele) da época...


Sarampo

Quase inexistente em Portugal desde a introdução da vacina no PNV (Plano Nacional de Vacinação).
O contágio faz-se por via fecal-oral ou contato direto com as secreções/lesões na pele.
Tem uma erupção típica com máculas (manchas) e pápulas (com relevo), que se inicia na cabeça e vai progredindo até aos membros, atingindo todo o corpo, incluindo palma das mãos e planta dos pés.
O período de Incubação vai de 7 a 14 dias.

Tem 3 fases:
        - Fase 1 (dura de 4 a 7 dias) : Febre muito alta (até 41ºC), mal-estar geral, dores musculares, conjuntivite, “constipação” e tosse.

            - Fase 2 (Também chamada fase do Enantema - dura 3 a 5 dias) : Aparecimento de manchas tipo grãos-de-areia cinzentas no interior da boca (bochechas dos 2 lados), chamadas manchas de Koplik (nem sempre estão presentes).

        - Fase 3 (Também chamada fase do exantema - dura 5 a 7 dias) : Erupção maculopapular (manchas vermelhas com relevo), com alguma comichão. Inicia-se no pescoço e em 48h atinge todo o corpo. Na fase final, estas lesões assemelham-se a placas acastanhadas e descamativas.

É (era) uma doença com graves complicações (mais frequentes abaixo dos 5 anos), nomeadamente Pneumonias, Encefalites, Otites, Croup (dificuldade respiratória por inflamação/obstrução da laringe e traqueia) e a Panencefalite Esclerosante (que surge 7 a 10 anos após o Sarampo), levando à morte…
O contágio faz-se entre 4 dias antes da doença surgir e até 4 dias após surgirem as manchas.
O tratamento é sintomático (Ben-u-ron), soros de hidratação (muitas vezes na veia, pela recusa das crianças em beberem).


Eritema Infecioso ou 5ª Doença

Aqui o agente é o Parvovírus B19.
Ocorre em qualquer idade, sendo mais comum na idade pré-escolar até à adolescência
Habitualmente, mais frequente entre o terminus do Inverno e a Primavera.
A transmissão faz-se através da inalação de gotículas respiratórias (saliva).

O quadro clínico típico tem 4 fases :
- Pródromo (1ª fase) : Pequena “constipação”, febre baixa e dor de cabeça.
- Fase 2 (2 a 4 dias de duração) : Só surge 7 a 10 dias depois da 1ª (neste tempo a criança, aparentemente está bem), Surge uma erupção cutânea na face, tipo “bofetada” (daí também ser conhecida como a “doença da bofetada”).
- Fase 3 (dura 1 a 4 dias) : Surge uma erupção generalizada, caracterizada por “manchas” rosadas, indolores, que dão comichão ligeira (braços, pernas, tórax, abdómen).
- Fase 4 (dura semanas a meses) : Recaída após exercício físico, calor (exposição ao sol), stress.
O contágio dá-se até à fase 2.
O tratamento passa por vigilância e eventualmente analgésicos (Ben-u-ron).
 A evolução da doença cursa de forma benigna em meninos saudáveis




 Varicela

Já descrita no Blog (ver post de Agosto 2014)

Síndroma Mãos-Pés-Boca


Já descrita no Blog (ver post de Novembro 2014)

Exantema Súbito

É provocada pelo Herpes Vírus Humano 6 (HHV-6).
Mais frequente na faixa etária dos 9m aos 20 meses. Habitualmente no fim do Inverno e inicio da Primavera.
A transmissão faz-se através das gotículas respiratórias.
O quadro clínico típico é febre de inicio súbito, muito alta (podendo ir até aos 41ºC), geralmente de 4h/4h e renitente aos antipiréticos, durante 3 dias. Contudo, a criança não apresenta mais sintomas e habitualmente está bem disposta. Após as 72h, a febre desaparece e surge uma erupção cutânea generalizada.
O período de incubação são aproximadamente 10 dias.
Tem 2 fases:
            - Fase 1 (dura 3-4 dias): Febre muito alta sem mais sintomas.
          - Fase 2 (dura 5-7 dias): Erupção cutânea tipo “manchas” rosadas na cabeça, face, pescoço, tronco, braços e pernas, quase sem comichão. Pode existir comichão ligeira.

Deixa de ser contagiosa, quando a febre desaparece.
O tratamento passa por antipiréticos (Ben-u-ron / Brufen) e em alguns casos anti-histamínicos.


Rubéola

Muito rara no nosso país. O quadro desde que a vacina faz parte do PNV (Plano Nacional de Vacinação).
A transmissão faz-se através das gotículas respiratórias e também através da placenta (infeção numa grávida que depois a transmite ao feto).
O quadro clínico típico são “manchas” (máculas), com relevo (pápulas) de cor rosada muito discretas e podem dar alguma comichão.
O período de incubação vai de 14 a 21 dias.
Tem 2 fases :
            - Fase 1 (dura 1 a 5 dias) : febre baixa, dor de cabeça, inflamação e dor nos olhos, dor de garganta, anorexia, dores musculares, e em 20% dos casos petéquias (“pintas” de sangue) no céu-da-boca (Sinal de Forchheimer).
          - Fase 2 (3 dias) : Fase das “manchas” que atingem a face, pescoço, tronco e membros em 24h, atenuando-se no 2ºdia e desaparecendo no 3º dia.

Esta doença cursa, habitualmente, de forma favorável. A grande gravidade existe para a grávida ou melhor para o feto, com efeitos teratogénicos (malformações do bebé, especial surdez). Nos adolescentes pode dar complicações, como artrites (inflamações das articulações), alterações da coagulação.
O contágio faz-se até 2 semanas após as “manchas”.
O tratamento são analgésicos, se necessário e repouso.