O choro intenso das crianças, nas
consultas de Pediatria, é uma realidade muito comum… (como dizia um colega meu
de outra especialidade que dava consulta no gabinete ao lado do meu: “…Tu és
uma péssima vizinha, muito, muito barulhenta…!!!”).
Pois é, os meninos choram, choram, gritam
e os pais ficam desorientados e tristes…! Se o pediatra não lhes faz mal, então
porquê aquele comportamento, ás vezes, de verdadeiro pânico…??? Vamos tentar,
então esclarecer este mistério.
Habitualmente, até aos 6 meses, quase
todos se “comportam bem”, chorando só quando os agarramos com mais pressão
(observar os ouvidos, boca, etc.). A partir dos 8 a 9meses, começa, então, o
choro…
É aqui, nesta idade, que as crianças
começam a tomar consciência que estamos a invadir o seu espaço (como ninguém, à
sua volta lhes faz!), despi-los, agarra-los, manipula-los, sobretudo com a
conivência dos pais (as pessoas de maior segurança que a criança tem…!!!). Por
muito que os pais lhes expliquem (durante a observação), que é para o bem
deles, que ninguém lhes faz mal, nada nem ninguém os convence…No entanto é
mesmo necessário, porque na verdade, não há outra maneira de serem observados.
Não é fácil para eles, acreditem…! Desde
esta idade (8 a 9 meses e até aos 30 a 36 meses, conte com muito choro, muita
raiva e revolta. Contudo, como costumo dizer nas minhas consultas : “A partir
dos 2,5 anos a 3 anos, fazemos as pazes para todo o sempre… E nasce uma
história de amor…” Tenho meninos que inventam dores e doenças para irem à “Tia
Paula”…!
Aqui ficam alguns conselhos para tentar
minimizar o sofrimento dos meninos na fase da “tortura”:
- Nunca minta à criança (por exemplo,
dizendo “hoje só vimos conversar, a “tia Paula” ou a doutora, não te vai
mexer…!!! Mentira!)
- Nunca ameace a criança, quando se porta
mal, que, como castigo, vai ao médico e leva uma “pica”…!!!
- Não diga com muita antecedência que vai
ao médico, evitando, assim, ansiedade à criança e fazendo com que ela comece a
imaginar e fantasiar cenários de terror em relação à consulta.
- No momento da consulta, aja com calma e
paciência. Explique a necessidade de levá-la ao médico e que nada é para o mal
dela.
- Transmita segurança com voz calma mas
firme e sobretudo não demonstre ansiedade.
Acredite que a fase seguinte, a das
“pazes” é mesmo muito compensadora em termos afetivos, para mim (médico), para
a criança e para os pais…
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