quinta-feira, 28 de agosto de 2014

A Nova Vacina da Meningite



Como todos sabem, a Meningite é uma doença grave, talvez uma das mais graves infeciosas. São vários os agentes que podem provocar esta doença. Neste caso concreto trata-se de uma bactéria chamada Meningococo B. É sem dúvida, um problema de saúde pública devido à sua natureza agressiva, podendo provocar a morte em horas ou deixar sequelas graves. 


O que é uma Meningite?

        É uma infeção do tecido que envolve o cérebro e a medula (as meninges). O diagnóstico nem sempre é fácil, porque os sintomas confundem-se com outras doenças (febre, irritabilidade, vómitos, dores de cabeça, manchas/pintas na pele).  No entanto, a “sensação de doença” na criança está invariavelmente presente e deve ser sempre valorizável! Há que saber ouvir a mãe quando esta diz : “ o meu filho não está bem…”! A experiência do pediatra nestes casos é muito importante.


         Sinais e Sintomas da Meningite
As manchas parecem "nódoas negras" ou pintas de sangue
mas nem sempre aparecem no inicio



- Febre
- Irritabilidade
- Vómitos
- Dores de cabeça
- Manchas/pintas na pele
- Sensação de doença grave


         A Meningite pode matar, pode deixar sequelas muito graves, por isso esta vacina tem uma importância imensa, uma vez que que conseguimos preveni-la. O grande problema prende-se com o preço! Infelizmente custa 98€ cada dose e dependendo da idade da criança, depende também o número de doses que deve levar (ver quadro). Na minha opinião, deve ser feita. Como eu digo, às minhas “mamãs” : « Eu não sei se a “faísca” cai na vossa casa ou na minha, por isso temos que tentar evita-la! » A nova vacina chama-se Bexsero.

        As vacinas são, sem qualquer dúvida, um dos melhores investimentos que fazemos para a saúde dos nossos filhos.

      O esquema de vacinação vai depender, tal como já referi, da idade da criança e conforme podem verificar pelo quadro abaixo :


         Não se esqueçam que a prevenção das doenças é sempre melhor que o tratamento, especialmente em pediatria.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Quedas e Traumatismo Craniano

Uma alta percentagem de mortes em pediatra, deve-se a lesões resultantes de Traumatismos Cranianos. Estas lesões também podem levar a alterações do desenvolvimento psico-motor deixando-as, muitas vezes, com incapacidades, quer físicas, quer cognitivas. Felizmente, a maioria dos traumatismos são leves e transitórios. Já diz o ditado : “Ao menino e ao borracho põe Deus a mão por baixo…”. Nesta altura de férias, as nossas crianças brincam mais ao ar livre, na praia, parques, no campo e por isso muito mais suscetível é, de acontecerem quedas e algumas com Traumatismo Craniano (TC). A maioria das crianças não necessita de ser observada por um médico. Deve sim, ser vigiada durante, pelo menos, 24h. Assim sendo, o que é um Traumatismo Craniano? Como agir? Quando levar ao hospital?

O que é um Traumatismo Craniano?
       Constitui uma lesão na cabeça, resultante de uma contusão (pancada) direta ou indireta. Pode ser Leve, Moderada ou Grave.
Como agir?
Após um Traumatismo Craniano, é normal existirem 1 ou 2 episódios de Vómitos, Dores de Cabeça (ligeira), Sonolência (ligeira). Estes sintomas e sinais se tiverem estas características não são de valorizar.
Avaliar de imediato, a criança no seu todo (se chora, se está queixosa, demasiado sonolenta), de seguida observar a lesão (hematoma/”galo”) e finalmente colocar gelo (existem atualmente à venda uns “sacos” que se colocam no congelador e são mais macios, mas o saco de ervilhas congeladas, continua a fazer o mesmo efeito).
Vigiar a criança durante 24h/48h (comportamento, sono, disposição da criança).
Não forçar a criança a comer. Oferecer pequenas quantidades de comida do agrado da criança, mais frequentemente.

Quando recorrer ao Serviço de Urgência do hospital?
         - Vómitos repetidos e persistentes.
         - Dores de cabeça intensas.
         - Sonolência extrema.
         - Irritabilidade exagerada/confusão.
         - Alterações do comportamento habitual.
         - Alterações da marcha, equilíbrio, da visão.
         - Convulsões (“ataques”, “revirar os olhos”, “espumar da boca”).

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Hora de Brincar...com os Pais!

Como sabem, sou a maior defensora de que os filhos devem ser uma prioridade na vida dos pais e que o tempo passado com eles, tem que ser de muita “qualidade”.

Nos tempos que correm, os pais desejam vivamente o sucesso escolar dos filhos, o que não é de estranhar, se pensarmos nas dificuldades existentes em termos profissionais. A maior preocupação é a de que as crianças se preparem o melhor possível para a vida futura, esquecendo uma coisa fundamental: a hora de brincar com os pais...! E o que este facto pode influenciar todo o comportamento da criança…

É através da brincadeira, que a criança adquire conhecimentos que a ajudam a agir sobre o meio em que se encontra. Vai repetir o modo pelo qual os adultos (sobretudo os pais) a tratam e conversam com elas. As brincadeiras com os pais vão testar a criança, nas habilidades físicas (pular, correr), testar funções sociais (ser médico, bombeiro, policia), vão faze-la aprender regras, colher resultados dos seus feitos (ganhar, perder), registando o que deve ou não repetir em novas oportunidades (não ser teimoso, ter mais calma, respeitar o “adversário”).
Assim se compreende, que o respeito que devemos ter com a criança, deve ser o mesmo que a criança deverá ter connosco (pais). Infelizmente é comum ouvirem-se pais a verbalizarem termos como “ estou farto de te aturar, não prestas para nada, parvo, estúpido, burro, puto, etc”. Que fique claro, que vão ser estes os termos que estas crianças vão repetir a todos os adultos que a rodeiam (educadora, professora, avós e pais…)!   
A carga horária escolar é extensa, incluindo atividades extracurriculares (desportos), as obrigações e horários profissionais dos pais cada vez são maiores, condicionando a hora de chegada a casa (tarde!). Banhos, jantar, TPC`s e… hora de dormir! Há que ter a noção de que as crianças são (deveriam ser!) a prioridade da família e os pais devem dedicar-lhes mais (e melhor) tempo e promoverem atividades lúdicas.

O jantar é uma oportunidade, não só para o relato das atividades do dia, como para o diálogo e partilha de afetos, motivo pelo qual a televisão nunca deve estar ligada!
Brincar juntos reforça os laços afetivos. A criança sente-se prestigiada e desafiada quando o parceiro da brincadeira é o adulto. Os agora tão comuns tablets não podem ser utilizados como o são, exclusivamente para “entreter” as crianças e as obrigarem a permanecerem sozinhas horas a fio…!
Em suma, as crianças tendo oportunidade de brincar com os pais, estarão mais preparados emocionalmente para controlar as suas atitudes e emoções dentro do contexto social, obtendo assim melhores resultados no desenrolar da sua vida futura.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

E a mãe vai trabalhar... Onde deixar a criança? Avós, Infantário ou Ama?

Esta questão, traduz-se numa preocupação imensa para os pais e geradora de grande ansiedade. É por isso, tema habitual logo nas primeiras consultas de pediatria. Adoraria ter a solução ideal, mas é sempre difícil “opinar” com a certeza absoluta… Cada criança é um caso.
Consensual é que aos 3 anos, a criança deverá frequentar um jardim de infância, porque nesta fase, de sociabilização, é importantíssima ser em grupo, com regras definidas por um adulto que não seja da família (educadora de infância).
Posto isto, como responder à questão dos pais: Então o que faço ao meu bebé, aos 4 meses? Ou aos 6 meses? 12 meses? A quem o confio?
A melhor opção é aquela que inspira maior confiança aos pais. O essencial aqui é a confiança no ambiente e na pessoa que ficará responsável pela criança.
Escolher uma Ama (que não seja da família) é sempre uma incógnita. Por isso, alerto sempre para o facto de ser absolutamente necessário, ter-se um conhecimento total da pessoa que vai cuidar da criança. A confiança que a mãe demonstrar pela Ama, será decisivo para uma melhor adaptação da criança à ama.
Da minha experiência, a entrada no Infantário com menos de 3 anos, tem aspetos positivos e negativos, mas muitíssimo mais negativos….

Aspetos Positivos do Infantário :
- Estar ao cuidado de pessoas qualificadas
- Ter regras bem definidas
- Melhor estimulação, melhor aprendizagem das regras
- Brincadeiras mais adequadas e ambiente envolvente mais apelativo

Aspetos Negativos :
- Dispendioso financeiramente
- Possibilidade de má adaptação e portanto sofrimento da criança
- Enorme e constante exposição a agentes infeciosos
- Adoece frequentemente (ás vezes semana sim, semana não)
- Debilidade das defesas (devido ás constantes “doenças”) e portanto maior suscetibilidade a contrair mais doenças…


Escolher os Avós maternos/paternos tem também vantagens e desvantagens.

Aspetos positivos dos Avós:
- O amor dos avós não tem preço, nem se consegue pagando…
- Existe disponibilidade total para com a criança
- Ausência de problemas na adaptação da criança
- Muito menor incidência de doenças

Aspetos negativos:
- Padrões educacionais diferentes dos pais
- Atuarem com a criança como atuaram com os filhos, muitos anos atrás, (mais grave nos erros alimentares que cometem).
- Estimulação menor ou menos adequada
- A casa não estar adaptada à idade da criança

Posto isto, a minha opinião (todas as minhas mamãs sabem…e que poderá ser diferente de outros pediatras!) é que, se existirem avós disponíveis será, sem dúvida a melhor opção. Os aspetos negativos que enumerei são um “mal menor”. As regras educacionais dos avós, podem ser alteradas (“Os pais educam, os avós deseducam…”). As crianças desde cedo, são muito inteligentes e sabem bem, onde podem ou não podem, fazer determinadas coisas (em casa dos avós são pequenos tiranos e na sua casa, muitas vezes são anjos, desde que os pais tenham as atitudes educativas corretas).
Infelizmente, os avós trabalham, cada vez mais, e até mais tarde e veem-se impossibilitados de cuidar dos netos. A solução é maioritariamente a entrada no infantário. Os pais devem conversar com o pediatra, na tentativa de minimizar os efeitos nefastos, sobretudo as doenças.

domingo, 10 de agosto de 2014

Alergia às Proteínas de Leite de Vaca (APLV)

Como sabem, tenho uma pós graduação em imunoalergologia pediátrica e talvez por isso tenha uma maior “sensibilidade” para as alergias. A alergia às proteínas do leite de vaca (APLV), é um tipo de alergia frequente em pediatria, aliás, a mais frequente no 1º ano de vida. Cerca de 60% destas crianças, têm antecedentes familiares (pai, mãe, irmãos, tios, avós) de alergia, qualquer que seja (asma, rinite, eczema, urticária). Atenção que a Alergia às Proteínas do Leite de Vaca, não deve ser confundido com "alergia" (intolerância) à Lactose! Lactose é o açúcar do leite (constituintes diferentes).
Este tipo de alergia pode apresentar sintomas e sinais diversos, por isso é muitas vezes subvalorizada e não diagnosticada. É, na maioria das vezes transitória e autolimitada ou seja, desaparece se fizermos a evicção total de lacticínios. Na maioria dos casos não ultrapassa os 3 anos, contudo, pode manter-se até aos 6 a 8 anos (raramente).


Como se pode manifestar?
Manifesta-se de diversas formas, isoladas ou associadas entre si.
- Cutânea: Dermatite atópica e Urticária.
- Gastrointestinal: Vómitos e diarreia, distensão abdominal (barriga grande), má progressão de peso, síndroma de má absorção intestinal.
- Respiratória : Dificuldade respiratória.
- Desnutrição

Como se pode diagnosticar?
O mais importante é a clínica (além dos sintomas ou sinais já descritos, recusa ou renitência em beber leite); Análises sanguíneas ou testes cutâneos positivos.

Tratamento:
- Evicção total de todos os lacticínios;
- Substituição do leite por outro que não contenha proteínas de leite de vaca (o pediatra aconselhará o que achar mais adequado);
- Anti-histamínico (caso o pediatra assim o entenda).


Quais são os alimentos proibidos?
- Leite
- Iogurtes
- Manteiga / Margarina
- Queijo
- Papas Lácteas
- Todos os alimentos que contenham leite (bolachas, salsichas,  fiambre, molhos, batatas fritas congeladas).
Devemos verificar a composição dos alimentos, uma vez que não basta dizer que contém leite. Assim a presença de Leite pode ser identificada através destes componentes :
         - Soro de leite
         - Lactoalbumina
         - Lactoglobulina
         - Caseína
         - Caseinato de sódio
         - Caseinato de magnésio
         - Caseinato de potássio
         - Caseinato de cálcio
         - Lactoferrina
         - Proteínas hidrolisadas

Recomendações:
- Não esquecer que existe sempre o risco de anafilaxia (reação alérgica grave), cada vez que a criança contacta com o alérgeno (leite ou derivados).
- Explicar a toda a família que o tratamento está na evicção total ou seja não se pode dar nem um “bocadinho”, como poderá dizer a avó…

- A persistência na alimentação é a chave do sucesso.

sábado, 9 de agosto de 2014

Febre

A febre é um sinal que muita assusta os pais e o motivo mais frequente de recurso às urgências.
Assim a febre constitui um aumento da temperatura corporal em resposta a vários fatores, podendo ter múltiplas causas, sendo a infeciosa a mais frequente.
Outra confusão que frequentemente existe é o valor a partir do qual consideramos febre e o local onde a devemos medir. Até aos 2 anos a temperatura rectal é a temperatura real, portanto é aí que deve ser medida.

Consideramos febre :
         - Temperatura rectal igual ou superior a 38ºC
         - Temperatura timpânica (ouvido) igual ou superior a 37.5ºC
         - Temperatura axilar (debaixo do braço) igual ou superior a 37.2ºC

As causas podem ser múltiplas, desde as mais inocentes às mais graves:
         - Infeciosa (viral ou bacteriana)
         - Calor excessivo (demasiada roupa)
         - Exercício físico extremo
         - Psicológicas
         - Oncológicas

Como devemos tratar a febre?
- Não agasalhar a criança; Preferencialmente dispa-a.
- Dê um banho com água a temperatura ligeiramente inferior do habitual (2 ºC abaixo da temperatura corporal), assim a criança vai arrefecendo lentamente (é um erro comum dar-se banho com água fria ou quase fria! Não o deve fazer!).
- Reforce a ingestão de líquidos (o aumento da temperatura corporal provoca perda hídrica, podendo levar à desidratação). Não insista para comer. Não deve dar lacticínios no pico febril.
- Dê Paracetamol (Ben-u-ron) de 8h/8h ou se necessário de 6h/6h na dose correta (ajustada ao peso).
- Ibuprofeno (Brufen) de 8h/8h na dose correta (ajustada ao peso). Pode ser alternado com paracetamol (Ben-u-ron), por indicação médica. Não se deve administrar Brufen antes dos 5 meses, salvo se por indicação do médico assistente que conhece a criança.
        
Quando deve recorrer ao médico assistente?
         - Criança com menos de 3 meses
         - Febre com mais de 48h, sem tendência para melhorar
         - Febre acima dos 40ºC ou que não baixa com a medicação
         - Manchas na pele
         - Gemido
         - Dor de cabeça intensa
         - Vómitos repetidos
         - Prostração intensa (recusa em comer, recusa em brincar)

Quais as complicações da febre?
         - Desidratação
         - Alterações neurológicas, como desorientação, delírio, alucinações.
         - Convulsão febril (esta é uma situação de emergência, devendo levar a criança de imediato ao hospital, para prevenir futuras sequelas).

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Varicela

A varicela é uma doença infectocontagiosa muito frequente em pediatria. É causada pelo vírus Varicela-Zoster.
Caracteriza-se pelo aparecimento de uma erupção cutânea progressiva de manchas vermelhas que evoluem para vesículas (borbulhas com “cabeça de água”), com conteúdo líquido claro, que causam muita comichão e que cicatrizam habitualmente em 10 dias. É altamente contagiosa, e esse contágio inicia-se 1 a 2 dias antes do aparecimento das manchas (as crianças infetadas começam a eliminar o vírus nas gotículas respiratórias) e mantêm-se até todas as vesículas estarem cicatrizadas. O período de incubação vai de 7 a 21 dias.
Esta doença é mais frequente até aos 10 anos, podendo contudo surgir em qualquer idade. É autolimitada e habitualmente decorre sem complicações, sendo a gravidade é variável. Torna-se mais grave na fase de recém-nascido, nos primeiros meses de vida, na adolescência e na idade adulta.

Sinais e Sintomas
Mal-estar geral, febre, dor de cabeça, dor de garganta, dor abdominal, perda de peso, cansaço.
As lesões na pele localizam-se por todo o corpo, incluindo o couro cabeludo e atinge também as mucosas (boca, língua, vagina, anûs).
As “marcas” surgem se as “borbulhas” forem coçadas.

Cuidados a ter
Cortar as unhas rentes.
Deve permanecer-se em casa durante os 10 dias, na minha opinião. Primeiro porque existe o risco de contágio, que pode ser grave se for em grávidas não imunes, crianças com doenças crónicas e doentes oncológicos; segundo, porque a própria criança com varicela se encontra com as defesas diminuídas e mais suscetível a contrair outras doenças.

Tratamento
Deve dar-se um anti-histamínico (Atarax, Zyrtec, Aerius) para aliviar a comichão. 
Nas crianças com menos de 12 meses, na adolescência e na idade adulta deve fazer-se um antivírico (Aciclovir) ou em casos em que se justifique.
         A higiene é essencial nesta situação. Pode fazer banhos com farinha Maizena (contém amido que acelera a cicatrização. Não é consensual entre pediatras, mas eu recomendo) e dar banho com um produto neutro.
Se existir febre, medicar sintomaticamente e de preferência só com Paracetamol (Ben-u-ron) e não utilizar anti-inflamatórios (Ibuprofeno, Aspirina).

Complicações
Sobre-infeção bacteriana da pele (mais frequente).
         Pneumonia pós-varicela, assim como a Encefalite.


Recomendações
A criança com este quadro deve ser sempre observada pelo médico.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Água Chalada, Água de Arroz e Água de Cenoura

Apesar de todos falarmos nestas “águas”, muitas vezes temos dúvidas em como prepará-las. Por isso, decidi pôr aqui as “receitas”, para ser mais fácil.

Água Chalada
Num litro de água fervida (a ferver 10 minutos), adicione 1 colher de chá preto ou 1 saqueta, retirando após 30 segundos. Adicione 4 colheres de sopa de açúcar (amarelo ou mascavado) e 1 colher (das de café) de sal. Deixe arrefecer e ofereça à colher.

Água de Arroz
Num litro de água, junte 2 colheres (de sopa) de arroz não lavado. Deixa-se ferver até reduzir para metade (mais ou menos meio litro). Côa-se o arroz e junte mais meio litro de água fervida (volta a ficar 1 litro) e adicione 1 colher (das de café) de sal. Com esta água de arroz podem constituir-se biberons (para fazer o leite), fazer papa
ou até podem oferecer à colher.

Água de Cenoura
Num litro de água, adicione 1/2 Kg (meio quilo) de cenouras, deixando cozer bem. Depois de cozidas, retire-as e adicione água até perfazer, novamente 1 litro. Junta-se 1 colher (das de café) de sal. Tem igual utilidade que a água de arroz.


terça-feira, 5 de agosto de 2014

Diarreia

A diarreia pode ser definida como um aumento da frequência de dejeções e/ou diminuição da consistência das fezes. Trata-se de uma doença aguda de duração limitada (3 a 7 dias) e que pode conduzir a desidratação e perda ponderal, sobretudo em lactentes (idade inferior a 1 ano).
Pode estar associada a diversas causas, como a infeciosa (viral ou bacteriana), alimentar (ingestão de alimento em condições deterioradas ou água inquinada, por exemplo água de poço), ou reação a medicamentos. A mais frequente é a infeciosa (viral), geralmente pelo Rotavírus (para o qual existe vacina, Rotateq ou Rotarix, que deve ser iniciada aos 2 meses e efetuada até mais ou menos aos 6 meses), Adenovírus ou Enterovírus que se transmitem através de contacto direto com a pessoa infetada, objetos contaminados (brinquedos, chuchas) e ainda pode estar associada a uma menor higiene pessoal e doméstica (contacto com fezes, frequência de infantários).
O maior risco associado à diarreia é a desidratação, que pode ocorrer em qualquer idade, sendo mais frequente nas crianças com doenças crónicas ou nas crianças com menos de 6 meses. Normalmente, este risco relaciona-se com uma má nutrição de base, mais de 8 dejeções por dia e outros sintomas associados, nomeadamente febre e vómitos.

Como tratar?
Numa criança com este quadro, deve existir vigilância constante do seu estado, frequência (e quantidade) das dejeções, e sintomas associados, como febre e vómitos.
Nos lactentes, a amamentação deve ser mantida e aumentar a sua frequência.
Promover a ingestão de líquidos em pequenas quantidades (de preferência à colher de 3 em 3minutos ou de 5 em 5minutos), durante todo o dia. Preferencialmente, deve oferecer-se soros de reidratação, como Miltina Electrolit, Oralsuero, chá preto fraquinho açucarado (água chalada) e com uma pedrinha de sal ou Ice Tea, nas crianças mais velhas. Poderá fazer também água de arroz ou água de cenoura para reconstituir biberons, ou mesmo oferecê-las isoladamente, também à colher. Estas águas poderão ser utilizadas para fazer papa, substituição da água normal, por exemplo.
Não Dar Água!!! Não insistir para comer!!!
A dieta é a parte mais importante do tratamento da doença. Pode oferecer:
- Sopa de Cenoura;
- Carne/Peixe grelhados ou cozidos;
- Banana;
- Papa de arroz feita com água (ou água de arroz/cenoura);
- Leite sem lactose (existem fórmulas para lactentes no mercado, como a Nutribén Sem Lactose, Novalac AD) ou leite adquirido nos hipermercados (Mimosa, Vigor) para crianças com mais de 12 meses;
- Iogurtes sem lactose.

A criança deve ser observada pelo seu médico assistente sempre que tiver febre e vómitos associados, ou se a diarreia persistir (apesar da dieta) durante 3 dias.