terça-feira, 12 de agosto de 2014

E a mãe vai trabalhar... Onde deixar a criança? Avós, Infantário ou Ama?

Esta questão, traduz-se numa preocupação imensa para os pais e geradora de grande ansiedade. É por isso, tema habitual logo nas primeiras consultas de pediatria. Adoraria ter a solução ideal, mas é sempre difícil “opinar” com a certeza absoluta… Cada criança é um caso.
Consensual é que aos 3 anos, a criança deverá frequentar um jardim de infância, porque nesta fase, de sociabilização, é importantíssima ser em grupo, com regras definidas por um adulto que não seja da família (educadora de infância).
Posto isto, como responder à questão dos pais: Então o que faço ao meu bebé, aos 4 meses? Ou aos 6 meses? 12 meses? A quem o confio?
A melhor opção é aquela que inspira maior confiança aos pais. O essencial aqui é a confiança no ambiente e na pessoa que ficará responsável pela criança.
Escolher uma Ama (que não seja da família) é sempre uma incógnita. Por isso, alerto sempre para o facto de ser absolutamente necessário, ter-se um conhecimento total da pessoa que vai cuidar da criança. A confiança que a mãe demonstrar pela Ama, será decisivo para uma melhor adaptação da criança à ama.
Da minha experiência, a entrada no Infantário com menos de 3 anos, tem aspetos positivos e negativos, mas muitíssimo mais negativos….

Aspetos Positivos do Infantário :
- Estar ao cuidado de pessoas qualificadas
- Ter regras bem definidas
- Melhor estimulação, melhor aprendizagem das regras
- Brincadeiras mais adequadas e ambiente envolvente mais apelativo

Aspetos Negativos :
- Dispendioso financeiramente
- Possibilidade de má adaptação e portanto sofrimento da criança
- Enorme e constante exposição a agentes infeciosos
- Adoece frequentemente (ás vezes semana sim, semana não)
- Debilidade das defesas (devido ás constantes “doenças”) e portanto maior suscetibilidade a contrair mais doenças…


Escolher os Avós maternos/paternos tem também vantagens e desvantagens.

Aspetos positivos dos Avós:
- O amor dos avós não tem preço, nem se consegue pagando…
- Existe disponibilidade total para com a criança
- Ausência de problemas na adaptação da criança
- Muito menor incidência de doenças

Aspetos negativos:
- Padrões educacionais diferentes dos pais
- Atuarem com a criança como atuaram com os filhos, muitos anos atrás, (mais grave nos erros alimentares que cometem).
- Estimulação menor ou menos adequada
- A casa não estar adaptada à idade da criança

Posto isto, a minha opinião (todas as minhas mamãs sabem…e que poderá ser diferente de outros pediatras!) é que, se existirem avós disponíveis será, sem dúvida a melhor opção. Os aspetos negativos que enumerei são um “mal menor”. As regras educacionais dos avós, podem ser alteradas (“Os pais educam, os avós deseducam…”). As crianças desde cedo, são muito inteligentes e sabem bem, onde podem ou não podem, fazer determinadas coisas (em casa dos avós são pequenos tiranos e na sua casa, muitas vezes são anjos, desde que os pais tenham as atitudes educativas corretas).
Infelizmente, os avós trabalham, cada vez mais, e até mais tarde e veem-se impossibilitados de cuidar dos netos. A solução é maioritariamente a entrada no infantário. Os pais devem conversar com o pediatra, na tentativa de minimizar os efeitos nefastos, sobretudo as doenças.

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